As quedas domésticas continuam sendo uma das principais ameaças à saúde e à autonomia de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Um levantamento realizado pela TeleHelp, maior empresa de teleassistência do país, revelou que o número de quedas entre idosos cresceu 11% em 2025 em comparação com o ano anterior. Pela primeira vez, esse tipo de acidente se tornou o principal motivo de acionamento de emergência entre os usuários do serviço, representando 22% do total de ocorrências.
Os dados se somam a uma tendência nacional preocupante. Segundo o Ministério da Saúde, o número de atendimentos e internações de idosos devido a quedas aumentou 17% entre 2023 e 2024, passando de 48.393 para 56.730 registros. O crescimento mais expressivo, no entanto, foi observado nos atendimentos ambulatoriais — ou seja, que não exigem internação — que saltaram de 7.410 para 18.237 nos dois primeiros meses de 2025, um aumento de 146%.
“O aumento expressivo de quedas entre idosos, tanto no nosso serviço quanto nas estatísticas oficiais, confirma que estamos diante de um desafio coletivo. Cada queda não é apenas um acidente, mas um sinal de alerta para possíveis limitações físicas, perda de mobilidade e, principalmente, impacto emocional e social”, afirma José Carlos Vasconcelos, fundador e presidente da TeleHelp.
Banheiro e quarto concentram maior número de acidentes
Entre os ambientes mais perigosos dentro de casa, o banheiro lidera as ocorrências, seguido pelo quarto. Juntos, esses dois cômodos respondem pela maior parte dos acidentes registrados nos últimos dois anos, segundo os dados da TeleHelp.
Já o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia aponta que 40% dos idosos com mais de 80 anos sofrem pelo menos uma queda por ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 28% e 35% das pessoas com 65 anos ou mais também caem anualmente — índice que sobe para 42% entre os maiores de 70 anos. As quedas são ainda responsáveis por 40% de todas as mortes por lesões nessa faixa etária.
Situações cotidianas estão entre as mais perigosas
Ao contrário do que muitos imaginam, a maioria das quedas não ocorre em situações extremas. Tropeçar em um tapete, escorregar ao sair do banho, levantar-se rapidamente do sofá ou até mesmo caminhar com o pet podem ser o suficiente para um acidente com consequências sérias.
“Às vezes, a pessoa perde o equilíbrio e se senta no chão ou cai de leve, sem lesões aparentes. Mas toda queda precisa ser levada a sério. Ela pode indicar início de perda de mobilidade ou outras condições de saúde que merecem atenção”, alerta Vasconcelos.
Sinais de alerta e medidas preventivas
Especialistas recomendam atenção aos seguintes sinais de risco:
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Sensação frequente de desequilíbrio ou tontura
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Medo de cair, mesmo em situações simples
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Fraqueza muscular ou insegurança ao caminhar
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Uso constante de móveis como apoio
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Evitar sair de casa por receio de quedas
Para prevenir acidentes, as orientações incluem:
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Iluminação adequada nos ambientes
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Retirada de obstáculos do chão, como fios e tapetes
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Instalação de barras de apoio em banheiros e corredores
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Uso de calçados antiderrapantes
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Reorganização dos móveis de forma funcional
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Prática regular de atividades físicas leves
Teleassistência pode salvar vidas e reduzir internações
Além da prevenção, o uso de serviços de teleassistência vem se destacando como ferramenta eficaz na redução dos impactos das quedas. Com atendimento remoto e imediato em situações de emergência, o recurso ajuda a encurtar o tempo de resposta e pode evitar complicações médicas mais graves.
“Quando a pessoa conta com um recurso de teleassistência, conseguimos acionar ajuda rapidamente e, muitas vezes, evitar internações desnecessárias. Isso traz benefícios para o idoso, para sua família e para o próprio sistema de saúde, que lida com menos casos graves”, afirma o presidente da TeleHelp.
Impacto emocional e social das quedas é significativo
O medo de cair novamente leva muitos idosos ao isolamento e à perda de autonomia. Segundo a OMS, mais de 600 mil idosos fraturam o fêmur por ano no Brasil, sendo 90% dos casos causados por quedas. Uma em cada cinco quedas requer atendimento médico imediato, e metade dos idosos que caem terá outro episódio dentro de um ano.
“A queda pode marcar o início de uma nova fase, com insegurança emocional, perda de independência e até depressão. Por isso, mais do que tratar as consequências, é essencial trabalhar na prevenção e oferecer suporte imediato”, conclui Vasconcelos.