Nossos cérebros andam mais ocupados do que nunca. Nós somos inundados de informações o dia inteiro, e qualquer tipo de informação, das mais irrelevantes até as mais urgentes. Tentar diferenciar tudo isso é cansativo, e mesmo assim, a cada dia, fazemos mais e mais tarefas.
30 anos atrás tinhamos uma agência de viagem que organizava nossos passeios, tinhamos secretárias para digitar as principais correspondências, tinhamos vendedores para nos ajudar a encontrar o que queríamos. Hoje, somos nós mesmo que fazemos tudo isso, além de cuidar do nosso próprio trabalho, de tomar conta de nossas vidas, filhos e famílias, amigos e outras responsabilidades.
Nossos smartfones viraram os novos canivetes suíços, cheios de aplicativos e utilidades. Apesar de acharmos que fazer muitas tarefas ao mesmo tempo seja bom, é apenas uma ilusão. Earl Miller, um neurocientista americano e um dos principais experts no tema “atenção”, diz que nós não fazemos várias tarefas ao mesmo tempo da forma que deveríamos. Ao realizar várias, estamos trocando de tarefa em tarefa, realizando todas da pior forma que conseguimos, mesmo que seja indiretamente, deixando-nos menos eficientes.
Ao realizar multiplas tarefas, a produção de estress aumenta em nosso organismo, brigando com a adrenalina, que deixa nossos cérebros sobrecarregados e causam confusão mental. O problema é tanto que, para nosso cérebro, estamos recebendo recompensas por perder o foco. Assim, ele está sempre em busca de estimulações exteriores.
Nós vemos TV, checamos nossos emails, conferimos nossos facebooks, vemos vídeos aleatórios no Youtube, mandamos SMS e tudo isso faz com que nosso cérebro busque, cada vez mais, mais distrações. Isso também gera confusões para o cérebro, que começa a mandar a informação para o lado errado, retendo a informação onde, talvez depois, ela não seja encontrada.
Realizar diversas tarefas também faz com que tenhamos que tomar diversas decisões. Atendo o telefone ou termino de responder o email? Leio o SMS ou termino de fazer o relatório? Tudo isso, de alguma forma, nos deixa exaustos. Pequenas decisões como essas fazem com que fiquemos cada vez mais cansados, até a hora que uma decisão importante nos espera e ali tomamos a decisão errada.
Além dos problemas físicos, encontramos os problemas sociais. Antigamente, ao telefonar para alguém e não encontrar a pessoa, não nos sentíamos como hoje, com essa enorme necessidade de encontrá-la. Então, a procuramos no celular, por telefone ou mensagem. Se a pessoa não queria ser encontrada, era normal. Hoje, existe a obrigação de responder a quem liga, ou a quem nos manda mensagem. Criamos uma espectativa muito grande em torno de um simples ato.
Tínhamos também que escrever cartas para fazer uma reclamação, por exemplo. Hoje, basta escrever um email e enviar.Não pensamos duas vezes, como fazíamos antes, já que escrever uma carta leva mais tempo e mais empenho. Precisamos de papel, de envelope, de selos. Precisamos ir até o correio postar a carta e talvez ir até a papelaria para comprar um envelope.
Tudo isso somado, nos traz diversos problemas de saúde, principalmente mental. Que tal parar e pensar nas prioridades do dia, deixando qualquer outra coisa de lado? Que tal sair e deixar o celular em casa?