Abril é o apenas o quarto mês do ano e mais de 109 mil brasileiros já morreram de doenças cardiovasculares, segundo o “Cardiomêtro” da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Cerca de trezentas mil pessoas morrem por ano no País em0 decorrência de doenças cardiovasculares, e metade delas por causa da pressão alta, de acordo com a Sociedade Brasileira de. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que cerca de 30% da população adulta têm hipertensão no Brasil.
Apesar do dia 26 de abril ser lembrado como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, o alerta da importância da redução dos riscos cardiovasculares a partir do controle da pressão vale para todos os dias do ano. Hábitos saudáveis como boa alimentação, prática de atividades físicas e medir a pressão periodicamente podem salvar muitas vidas.
O que é Hipertensão?
Usualmente chamada de pressão alta, hipertensão é ter a pressão arterial, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9, explica a Sociedade Brasileira de Hipertensão. A pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. O coração e os vasos podem ser comparados a uma torneira aberta ligada a vários esguichos. Se fecharmos a ponta dos esguichos a pressão lá dentro aumenta. O mesmo ocorre quando o coração bombeia o sangue. Se os vasos são estreitados a pressão sobe.
A pressão alta ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Os vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos, entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a angina que pode ocasionar um infarto. No cérebro, o entupimento ou rompimento de um vaso, leva ao “derrame cerebral” ou AVC. Nos rins podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos.
Por ser silenciosa, a hipertensão é ainda mais grave. Como resultado, a doença é responsável, ainda, por 40% dos infartos e 80% dos acidentes vascular cerebral (AVC). “A hipertensão pode ser causada por questões genéticas. Outros fatores de risco mais comuns são, principalmente, dieta inadequada, com excesso de sal, obesidade, sedentarismo e tabagismo. Muitas pessoas nem sabem que têm o problema pela ausência de sintomas, até que ocorra algo mais grave. Por isso a medição da pressão periodicamente pode salvar vidas, bem como a prática de atividades físicas, pois a caminhada, por exemplo, tem um efeito vasodilatador importante”, explica o cardiologista da Unimed-BH, José Pedro Jorge Filho.
Alimentação
O excesso de peso é um dos grandes fatores de risco para a hipertensão e a OMS aponta a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, que atinge cerca de 600 milhões de pessoas. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), mais da metade da população brasileira está com sobrepeso e a obesidade já atinge 20% dos adultos.
No caso dos brasileiros, os hábitos alimentares têm como forte característica o consumo de quantidades desnecessariamente grandes de sal, carboidratos e gorduras, conforme explica Luiz Velloso, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. “Seria um grande avanço para a saúde de nossa população se as novas gerações fossem habituadas a uma alimentação mais saudável, com maior consumo de fibras, substituindo boa parte do sal pelas variadas ervas e condimentos de que dispomos, e os carboidratos por vegetais e legumes.”
Baixas temperaturas
Um período em que os cuidados com a hipertensão devem ser redobrados é quando as temperaturas caem. “Há uma relação direta entre clima frio e hipertensão. No outono e inverno, aumentam resfriados, gripes e também existe tendência de alterações circulatórias, como a elevação da pressão arterial. Ainda, nesta época do ano, a poluição do ar atmosférico piora, o que também pode aumentar a pressão”, explica o cardiologista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Dr. Fernando Barreto.
O especialista explica que esta relação ocorre por um mecanismo natural chamado de homeostase, em que o organismo humano lança de várias táticas para manter a temperatura corporal constante, por volta dos 36,5ºC. “Isso faz com que a ativação do sistema simpático seja caracterizada pelo aumento dos batimentos cardíacos, vasoconstrição e aumento da concentração de açúcar no sangue. Como a nossa pressão arterial é resultado de uma multiplicação da frequência cardíaca com a resistência vascular, o número elevado de ambos em temperaturas mais baixas pode agravar quadro de pacientes hipertensos ou subir a pressão daquelas que não sofrem com isso”.
Entre os fatores que elevam a pressão arterial no outono e inverno estão o aumento de carboidratos e gorduras nas refeições para compensar o frio, além da diminuição de atividades físicas, já que as baixas temperaturas inibem exercícios ao ar livre, como caminhadas e pedaladas. “É importante manter uma dieta adequada, com pouco sal, e se exercitar. Essas duas medidas combinadas são capazes de prevenir as complicações da hipertensão, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido por derrame”, alerta o cardiologista. Para os já hipertensos, é preciso manter o uso regular de medicação, além de acompanhamento contínuo com médico especialista.
10 Mandamentos contra a pressão alta
– Meça a pressão pelo menos uma vez por ano.
– Pratique atividades físicas todos os dias.
– Mantenha o peso ideal, evite a obesidade.
– Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes.
– Reduza o consumo de álcool. Se possível, não beba.
– Abandone o cigarro.
– Nunca pare o tratamento, é para a vida toda.
– Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde.
– Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer.
– Ame e seja amado.